A importância do recontrato na relação de casal

“Depois de dois anos fui perceber que o jeito que eu demonstrava carinho para ela, já não correspondia mais ao que ela queria de mim. Fiquei chocado.”

Esse é o discurso que escuto por aqui nas sessões de terapia de casal. E esse assunto é tão importante que não pode passar despercebido pela saúde relacional e bem-estar de vocês por aí😉

Afinal, o que é refazer ou fazer um contrato na relação de casal? Nada mais é do que tornar explícito aquilo que você acredita que está claro na relação, mas na verdade não está.

Quem eu acompanho por aqui sabe e me escuta dizer muitas, várias, diversas vezes, e não me canso de repetir: “Nada é óbvio!”

O que parece bobagem para você, pode não ser para o outro. Nada melhor que deitar a cabeça no travesseiro sabendo que foi compreendido pela bendita ou pelo bendito que se deita ao seu lado.

Mas vamos esmiuçar melhor esse contrato na relação de casal.

Ter clareza sobre o que você quer da sua parceria e sobre o que você precisa dessa relação; saber como lidar com temas que dão pano pra manga como finanças; filhos; famílias de origem; plano de futuro; tarefas domésticas; quais valores são negociáveis e quais não são dentro do relacionamento; como lidam com redes sociais e amigos...

Além desses aspectos, fatores como: como se sente respeitado(a) nessa relação; como agir em momentos de raiva; quais habilidades um tem que o outro não tem que ajuda na resolução de problemas, etc, etc, etc.

Todos esses fatores são bastante trabalhados na terapia de casal de forma profunda. O que vejo é que a maior parte dos casais não reflete, nem questiona sobre o que funciona na relação e o que não funciona mais.

Ligam o piloto automático e acreditam que da forma como está é o jeito de funcionar, mas é aí que se encontra a grande fonte do problema: as pessoas mudam com o passar dos anos, sua parceria já não é mais a mesma do início dessa relação.

De repente, aquele tempo juntos que era tão precioso para a sua parceria já nem é tão importante assim e agora ela demonstra querer outro tipo de afeto de você. Talvez, antes, a parceria queria maior contato de beijos e abraços e hoje o que importa para ela é ter boas conversas olho no olho, não que o toque tenha deixado de ser importante.

Pode ser também que um mimo passe a ser o diferencial no lugar de sair toda semana para jantar, não que isso também tenha deixado de ser importante, só que não é a prioridade mais.

Eu mesma sou exemplo vivo disso e vou contar pra vocês o que me aconteceu depois de longos anos de relacionamento: pela manhã, antes de levantar, costumava dar um beijo de bom dia em meu marido. Um dia, numa conversa, meu marido me solta: “eu detesto quando você me beija pela manhã, porque a maior parte das vezes você me acorda e eu ainda estou dormindo.”

Pensa numa pessoa que foi do céu ao inferno no mesmo minuto.

Era um hábito, eu amava fazer isso com ele, mas isso era importante pra mim, não pra ele, ele detestava.

Hoje, consigo dar boas risadas disso e recontratamos dentro da relação esse meu hábito, me adaptei, afinal, quero meu marido feliz e com a soneca tranquila (kkkkkkk). Fizemos os ajustes necessários que nos aprimoram enquanto casal.

Não pense que a cabeça de sua parceria funciona do mesmo modo sempre, de forma linear. Muito pelo contrário, somos complexos e mudamos de tempos em tempos. Preferimos e depois deixamos de preferir determinadas coisas.

Chame a sua parceria para conversarem sobre a relação, sobre o que pensam dela, o que podem e desejam melhorar, o que antes funcionava e agora já não funciona, o que antes era importante e agora já não é mais.

Isso promoverá maior proximidade, clareza sobre as intenções mútuas, percepção da evolução de cada parceiro ao longo da relação e melhorias que precisam ser realizadas.

Além disso, podem surgir boas risadas a partir desse ato de se colocarem em perspectiva.

Pensem nisso!

Abraço afetuoso.

Vanessa de Almeida

Psicóloga clínica e Psicoterapeuta de Casal e Indivíduos

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