Como perdoar as pessoas que amamos diante dos conflitos de relacionamento?
- psicovanessadealmeida
- 10 de set. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 29 de jun. de 2023
Não estamos isentos de nos machucar nas relações que estabelecemos. Costumo dizer que é na “arena relacional” que conseguimos perceber o limite do outro e o nosso. O que nos faz bem, o que concordamos, valores que compartilhamos, ideais conjuntos.
Mas também precisamos integrar as diferenças, o modo de acessar as pessoas que amamos, o como elas se relacionam com as diversas áreas de vida delas, como dialogamos e negociamos os modos de pensar, agir e sentir divergentes, são pontos de reflexão importantíssimos e motivos de belos conflitos familiares e de casal.
O perdão nesses contextos em que passamos dos limites, impomos mais que cedemos num desastroso desequilíbrio, ou falamos palavras que não deveriam ser ditas, ou fazemos algo que deixou o outro extremamente chateado, merece ser posto e elaborado por ambos envolvidos.
Não há perdão unilateral. O movimento de perdoar é conjunto.
Já percebeu que as pessoas que mais amamos e que somos mais íntimas são as pessoas que mais magoamos ou nos deixam magoados? Isso não é à toa. Quanto mais intimidade, mais relaxados e seguros ficamos. Mas esquecemos que relaxamento não pode ser sinônimo de falta de educação, respeito e responsabilidade afetiva. No perdão, a parte que machucou precisa da parte machucada para fazer movimento de reparação.
E com isso, nas relações familiares e de casal, é muito comum o diálogo “des-assertivo”. Isso mesmo, você não leu errado. As pessoas mais vinculadas a nós são as que mais sofrem por nosso jeito carrancudo, desleixado, desinteressado de escolher as melhores palavras, de não se mostrar disponível para o encontro relacional e até mesmo de não poder contar em alguns momentos de aflição.
Lidar com causas e consequências dos danos das palavras mal colocadas, mal interpretadas, das atitudes e promessas não cumpridas, do ouvido paternal não oferecido, do carinho não dado entre pais e filhos, da indisponibilidade afetiva, promovem o movimento de restaurar as relações e resgatar a confiança perdida através do processo de perdoar.
O perdão se dá através da tomada de consciência de ambas as partes sobre o ocorrido. Há situações que são unilaterais, que de fato apenas uma das partes errou. Em outros contextos, há a complementaridade do conflito ocorrido, convocando a quem quer que seja para tomar parte da responsabilidade dos fatos aflitivos. Em ambos os casos, o processo de perdoar ainda é conjunto.
Expressar sobre os sentimentos e as emoções acerca do conflito que te magoou, até que se sinta satisfeito com isso, é uma das partes do processo de obter o perdão e perdoar. Num primeiro momento pode parecer lamentação, ruminação, e sim, precisamos também lamentar, sentir o pesar desse conflito ocorrido.
Após isso, é necessário identificar sobre o que você precisa, é clarear sobre o que é necessário para que esse outro repare o que houve com você. Não são pedidos que incluem vingança, punição, mas é importante mostrar para o outro como se sente mais confortável para que o processo de retomada da confiança possa renascer diante de algumas ações, falas que possam ser expressas no momento presente, à curto prazo, e ações à longo prazo também, que te tragam paz e conforto.
O outro precisa estar implicado, disposto, arrependido profundamente de seus atos e mesmo que algo possa parecer difícil diante do pedido de quem foi machucado, lembre-se que você teve parte grandiosa dentro desse conflito, provocou a dor, o que não isenta o outro também da parcela de responsabilidade, mas que você precisa nesse momento fazer o que outro pede a você, por respeito à relação, à pessoa do outro e pelo compromisso do arrependimento.
Reflitam sobre os fatos, expressem como se sentiram, quais foram os danos diante do conflito, pensem em como planejam que a relação seja daqui para frente.
Pensem em como podem alcançar o que traçaram, estabeleça prazos e avaliem as mudanças. Lidem com o lado humano, sem perderem a dignidade de si mesmos nesse processo de perdão.
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Até a próxima reflexão.
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