E QUANDO O CÔNJUGE OU SEU PARCEIRO(A) NÃO QUER IR PARA A TERAPIA?
- psicovanessadealmeida

- 13 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Muitos casais que me procuram com o desejo de iniciar o processo terapêutico encontram dificuldades em acessar seu companheiro ou companheira para expressar o desejo de querer ir para a terapia ou expor às claras o conflito que estão passando e que precisam de ajuda.
Alguns sempre ainda precisam saber com seus companheiros se eles topam ir ou não para a terapia em busca da melhoria de seus relacionamentos, outros impõem como condição para a relação continuar, participar de um processo terapêutico.
Afinal, o que isso pode significar na relação a dois?
Ir para a terapia nem sempre é uma decisão fácil. Muitos parceiros ainda nutrem algum tipo de preconceito, falta de informação, fantasias, vergonha, medo, aquele "vamos tentar por nós mais uma vez" e até falta de motivação e esperança mesmo para escolher ir para terapia.
Com isso o casal acaba perdendo o timing para a procura de ajuda, pois acreditam que podem resolver sozinhos como outras vezes, mas acabam caindo no mesmo padrão de resolução de conflitos. O tempo passa, a relação fica ainda mais desgastada e quando chegam na terapia, muitas vezes, querem solução rápida ou ainda dizem para o profissional "você é a nossa última chance".
Acredito que terapia deveria ser preventiva e não corretiva como ocorre na fantasia de muitos casais.
Quando isso acontece, costumo perguntar o que foi a gota d'água para que viessem buscar a terapia e qual a disponibilidade do casal olhar para si, para sua própria história, para além do buraco da agulha. Desmistifico o lugar do terapeuta como "salvador" porque o processo terapêutico é construído em conjunto e os responsáveis pela relação, aqueles que vão para casa com as reflexões da terapia e que vão encarar o rosto um do outro, viver a rotina, colocar em prática as tarefas propostas nas sessões são os dois.
O terapeuta aponta caminhos, observa a forma do casal se relacionar, busca compreender melhor a forma de se comunicarem, dá espaço de fala para ambos exporem aquilo que sentem e oportuniza elaborar novos significados e sentidos em torno dos conflitos apresentados.
Assim, se sua parceira ou parceiro se recusa a buscar ajuda, independente de qual seja o motivo da possível recusa, o par que deseja fazer o movimento de melhora de seu relacionamento não deve ficar parado: deve buscar ele mesmo se autoconhecer e investir em sua própria terapia individual.
Costumo dizer que a mudança que fazemos por nós acaba respingando no nosso entorno, nas relações que estabelecemos e isso inclui o seu cônjuge ou parceira(o).
À medida que vamos nos aprofundando dentro de nossas emoções e jeitos de ser, de nossa história de composição familiar (quem sou eu dentro da minha família?) e ainda a partir do questionamento e reflexões acerca do "pra quê eu escolhi meu parceiro?" abre-se a possibilidade de trabalhar a autonomia, a autoestima, a melhora das relações interpessoais e consequentemente o fortalecimento dos vínculos tanto afetivos consigo mesmo e com os outros.
Esclareço que a terapia individual não substituiria a experiência da terapia de casal. Ambos devem ter a consciência, clareza e desejo de embarcarem nessa viagem juntos.
A oportunidade e experiência de vivenciar um processo terapêutico de casal é única. Ali os pares se olham e refletem, muitas vezes, temerosos de descobrir aquilo que não querem ou de re-DESCOBRIR novas formas de amor e convivência. Se o seu parceiro ou parceira ainda não está pronto, comece por você. Respeite a decisão, mas não pare por aí.
Mudar incomoda. Permanecer em sofrimento também. E seu relacionamento, seja por qual conflito esteja passando e que envolve também você como pessoa, merece, mesmo diante das brigas e impasses, alguém nutrido de si mesmo e responsável por suas escolhas diárias.
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