FILHA VIRA MÃE DO PAI? A INVERSÃO DE PAPEIS NA FAMÍLIA

A família desempenha um papel importante para nós. É o primeiro grupo de contato que temos no mundo, faz parte de nossa formação de identidade, transmissão de crenças e padrões de comportamento, apoio emocional. Você já deve ter ouvido falar sobre alguma família que esteja passando por problema familiar e que os filhos se tornaram os pais dos pais. Seja por alguma doença na família, seja por conflitos entre o casal, é comum essa inversão de papeis. Porém, até que ponto isso é saudável?

Quais os impactos na vida desses integrantes? Neste texto, trago uma reflexão acerca da inversão de papeis em conflitos conjugais, onde os filhos estão no meio dessa confusão toda.

Diante dos conflitos enfrentados pelas famílias é comum que os pais discutam sobre seus problemas de casal e envolvam os filhos nisso. Para evitar o contato com a esposa, o pai pode se aproximar mais da filha e fazê-la confidente de seus desgostos matrimoniais. Lembrando que esse é só um exemplo para elucidar a reflexão.

Com isso, pode-se criar uma aliança com a filha, deixando a mãe de lado, o que acarreta intriga, maior distanciamento do casal e faz a filha desempenhar um papel que pode não ser seu, por culpa ou medo de abandonar o pai na situação que ele se encontra. A filha se torna aquela que cuida das emoções do pai. Mas, espera aí! Quem tem que dar apoio emocional e ensinar a lidar com as frustrações da vida não deveria ser o pai?

Suponhamos que essa filha aceite esse papel de ser a salvadora de seu pai. Como isso poderia interferir, a longo prazo, nos relacionamentos afetivos que ela pudesse vir a ter no futuro?

Essa filha poderia não conseguir estar em relacionamentos duradouros, pois seria uma traição ao seu pai. Poderia também se envolver com homens carentes de atenção e dependentes de seus cuidados, poderia se envolver em casos de traição...

O que quero sinalizar é que existem limites e fronteiras nos relacionamentos de família. Cada um exerce um papel para que o conjunto possa funcionar em harmonia. O que é ser um pai, uma mãe? O que é ser filho? Quer dizer então que os filhos não podem ser amigos dos pais? Não necessariamente, mas existem fronteiras e limites que devem ser respeitados para que o fluxo do relacionamento aconteça de maneira saudável, a serviço da não promoção de conflitos emocionais e ressentimentos.

Os pais devem fornecer aos seus filhos cuidados emocionais e físicos, afeto, aconchego, ensinar sobre amar e receber amor, incentivar a autonomia, ensinar sobre limites e frustrações, promover a responsabilização. Os pais têm o lindo papel de criar seus filhos para a vida lá fora.

Problemas do casal devem ser resolvidos entre o casal. Problemas de família que envolvam os filhos devem ser resolvidos em família. Problemas entre irmãos devem, sob supervisão dos pais e dependendo da idade, serem resolvidos entre irmãos.

A reflexão que fica do exemplo citado nesse texto é: qual o papel que essa filha está desempenhando na vida desses pais? Será que a relação dos pais acabou e estão usando a filha como bode expiatório para não terem que lidar com o fim de seu casamento?

E se você está passando pelo problema de inversão de papeis e está em sofrimento constante, procure ajuda. Invista em seu desenvolvimento emocional e estabeleça relações mais saudáveis.