O RESSENTIMENTO NAS RELAÇÕES - VOCÊ SABE IDENTIFICAR?

"É no lugar da vítima que se instala o ressentido, cujas queixas e acusações dirigidas silenciosamente ao outro funcionam para reassegurar sua inocência e manter sua passividade." Maria Rita Kehl em seu livro Ressentimento

É muito comum a pessoa incorporar esse papel da vítima e não se perceber como um importante protagonista diante dos conflitos que se apresentam na vida.

No lugar de se implicar com o ocorrido, tudo aquilo que acontece é sempre vindo da outra parte e essa pessoa perde a oportunidade de se responsabilizar pelo o que lhe ocorre. Muitas vezes, a outra parte fica sem saber o que fazer para tentar explicar melhor aquilo que incomoda na relação, sentindo-se culpada por não conseguir comunicar o que deseja.

Saiba que a culpa não é sua, nem da outra pessoa ressentida, caso ela não tenha consciência de sua maneira de funcionar. Talvez, para a pessoa ressentida seja mais fácil, menos doloroso não se implicar, porque existe um certo ganho em se manter como vítima: enquanto o outro for o algoz, eu sou a "boa pessoa", ganho a atenção necessária daqueles que desejo ter por perto.

Porém, a longo prazo, esses ganhos que surgem com esse posicionamento trazem prejuízos, porque ser adulto exige que possamos lidar com as frustrações que a vida apresenta. Lidar com as frustrações quer dizer lidar com as expectativas que tinha e que não são possíveis de realizar e como lido com isso.

Lidar com a frustração, nesse sentido, compensa, pois ao se tornar parte responsável de seus problemas, você aprende que pode dizer "não" quando for exigido, aprende sobre o seu lugar e função na relação, aprende que o outro é diferente de você e consegue integrar isso como parte natural da vida.

A maior questão do ressentido é, muitas vezes, alcançar a perfeição, ser tudo o que o outro precisa, realizar a falsa sensação de ser completo. Porém, se você for completo para outro, onde o outro existirá?

Nesse impasse, o ressentido permanece como aquele que vive insatisfeito, procura sempre o reconhecimento, mas não consegue se posicionar de maneira ativa, perdendo de vista seus próprios desejos para estar no lugar ilusório de que seus problemas são sempre frutos da ação dos outros.

Talvez a saída para o ressentido seja aceitar que exista nessa vida arrependimento, possibilidade de reparar seus erros, possibilidade de existir alguém diferente dele e ao mesmo tempo ser possível vivenciar o amor.