SENTIMENTO DE VAZIO EM RELAÇÃO AOS PAIS: A RELAÇÃO PAIS E FILHOS AFETIVAMENTE ENFRAQUECIDA
- psicovanessadealmeida

- 13 de nov. de 2021
- 3 min de leitura
Um tema muito polêmico, contudo, de bastante importância, pois existem pessoas que não sentem um grande sentimento de amor pelos pais. E por não sentirem esse sentimento se culpam, se fecham, não falam sobre o assunto por diversos motivos: a sociedade julga, a religião julga, o problema é com você, porque você é o ser difícil da família. Um monte de dedo para apontar e nenhum ouvido para acolher e compreender o que se passa no coração dessas pessoas.
Cada ser humano nesse mundo tem a lente com a qual enxerga as relações e situações cotidianas. Os pais ao criar seus filhos entregam essas lentes para eles na busca de reconhecimento, permissão para ser e atuar no mundo e para fazer parte do grupo familiar. O que quero dizer é que quando um filho vem ao mundo, já existe um mundo todo pronto, inclusive os pais com seus modos de ser e agir e que transmitem, por sua vez, aos filhos.
Nada de errado com isso. O que pode ser prejudicial aos filhos é quando não há espaço para a troca afetiva, espaço para ser quem ele é, talvez diferente do que as regras e crenças estabelecidas pelos pais foram impostas ou colocadas. Esses filhos seguem a vida com uma sensação de que não podem contar com os pais, um sentimento de desamparo, insegurança, baixa autoestima...
Esses sentimentos serão atualizados no decorrer de sua vida e nas relações que estabelecer, podendo emitir comportamentos disfuncionais em casamentos infelizes, profissões que não prosperam, amizades enfraquecidas, tudo em prol de tentar resolver conflitos com os pais que foram insuficientes em dar afeto, quando necessário, em algum momento do desenvolvimento dos filhos.
Minha intenção nesta reflexão não é demonizar os pais... Os pais fazem o que é possível dentro dos limites e mundo que também foi criado para eles... O que quero problematizar é que dentro dos grupos familiares pode ter um filho ou filha que se sente rejeitado, mal compreendido, triste e desamparado, porque sente que não conseguiu estabelecer uma conexão afetiva mais ou menos satisfatória em relação aos pais e isso pode levar uma vida inteira ou não para ser resolvido.
Mencionei “conexão afetiva mais ou menos satisfatória”, porque é impossível alcançar uma relação 100% satisfatória, sempre haverá um espaço de falta quando o assunto são as relações e seus primórdios iniciais de desenvolvimento. E é exatamente diante desse cenário, que sempre procuro incentivar o diálogo, um espaço aberto de possível conexão afetiva.
A vida nos leva ao caminho do amadurecimento e toda a herança e carga emocional que recebemos de nossos pais devem evoluir em ambos os lados e sentidos. Se você é um filho que sente que há algo de errado ou sentimento de vazio em relação aos seus pais, procure-os para falar sobre o assunto ou desabafe com alguém de confiança ou procure ajuda.
Ninguém é capaz de mudar ou de saber o que se passa no íntimo e na vida de cada um. Seria até muita presunção querer modificar algo que é tão particular. Todavia, é possível abrir um espaço de diálogo para que se possa expor aquilo que se sente, um espaço respeitoso, acolhedor e, aí sim, conseguir através da escuta e espaço relacional, uma nova forma de se pensar e de sentir, desde que haja abertura e compreensão de que nesse mundo, ninguém vive sozinho e isolado, mas sim conectados, principalmente, dentro de um grupo tão rico e tão importante que é esse núcleo chamado família e suas relações pais e filhos.




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