E se eu te disser que você pode não conhecer seu verdadeiro EU?

Temos uma parte de nós que foi fortemente ferida. Todos, em alguma medida, foi ferido, machucado, decepcionado, magoado em algum momento(s) dessa vida e esse ponto de conflito foi crucial para nascer uma outra face de nós mesmos, mas essa outra face vou deixar para falar depois. Vamos primeiro nos concentrar em nossa parte ferida.

Esta é chamada de sombra/criança interior ferida. Ela é tudo aquilo que não desejamos ser, uma parte de nós que nos envergonhamos, sentimos raiva, tristeza, desapontamento, horror, nojo, algo que desejamos esconder nas profundezas de nossa memória, coração e não queremos entrar em contato com ela de forma alguma.

Porém, ela sempre aparece por aí quando nos acontece algo que desperta a dor dela. Seja na convivência com nossos pais, filhos, amigos, cônjuges, trabalho.

Quando esse episódio de dor desconcertante, o qual nos causou sentimentos e emoções intensas e negativas, aconteceu conosco, tentamos utilizar formas de nos proteger para que isso nunca mais pudesse acontecer.

Criamos uma armadilha para nós mesmos. Crescemos, desenvolvemo-nos ou seguimos vivendo, dependendo da fase (infância, adolescência, fase adulta) que essa dor terrível nos aconteceu, tentando mascarar, curar, amenizar a dor sentida por essa parte nossa e criamos uma outra versão de nós mesmos, como se utilizássemos uma armadura.

Essa armadura contém tanto a nossa parte que desejamos mostrar devido ao que nos aconteceu (aí podemos pensar que podemos ter nos tornados controladores, perfeccionistas, bonzinhos, salvadores, cuidadosos em excesso, rígidos...), mas também esconde essa parte que queremos fazer desaparecer.

E aí nos perguntamos: quem somos nós? Onde está nosso verdadeiro EU? Pois, se o que aparece é a versão que construí para lidar com a minha sombra e esta, por sua vez, que é a parte que mais odeio em mim, quero esconder, afinal de contas, onde meu EU foi parar nessa história?

Seu verdadeiro EU está contido lá na sombra, onde tudo começou. Você só consegue acessá-lo quando acolhe e aceita essa parte “feia” que deseja esconder a todo custo.

É você aceitar que existe uma parte de você que erra, caso tenha se tornado uma perfeccionista.

É aceitar que pode existir pessoas que não vão gostar de você e lidar com essa rejeição, caso você tenha se tornado o agradador.

É aceitar que você não é forte o tempo todo, que tem permissão de falhar, de estar cansado, caso você tenha se tornado o super-herói, heroína, o profissional de alta performance sem limite, que vive cansado!

É aceitar que você tem momentos carentes, que precisa de afeto, de praticar a dependência saudável, caso você tenha se tornado uma pessoa rígida.

É aceitar que você é bom em algo, sem ser arrogante, caso você tenha se tornado um falso humilde, aquele que tem dificuldade de valorizar seus feitos.

É aceitar que precisa de ajuda, caso você tenha se tornado um super independente na vida.

Seu verdadeiro EU se manifesta quando você ACEITA você mesmo como é. Com todos os sentimentos que compõem o seu ser humano, inclusive, as suas falhas, forças, vulnerabilidades, qualidades.

Seu verdadeiro EU se manifesta, é sentido quando de fato você larga a armadura (aquela parte defensiva que você utilizou para se blindar), e se deixa mostrar para o outro como é. E o mais importante, deixa-se mostrar e aceitar-se para si mesmo.

Abrace a sua sombra! Abrace seu eu machucado.

Faz sentido para você?

Conhecimento bom é conhecimento compartilhado.

Vamos juntos disseminar informação?

Abraço afetuoso.

Vanessa de Almeida

Psicóloga clínica e Psicoterapeuta de Casal e Indivíduos

Site: www.psicologavanessadealmeida.com.br

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