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Quando o apego à família de origem interfere no relacionamento amoroso

  • Foto do escritor: psicovanessadealmeida
    psicovanessadealmeida
  • 14 de jan. de 2023
  • 4 min de leitura

Atualizado: 29 de jun. de 2023


Esse assunto é bem polêmico, porque geralmente as pessoas que são muito apegadas às famílias de origem, ao seu modo de funcionar e acreditam que só aquele modelo é o correto, são rígidas, não aderem ao diferente, excluem, ignoram o que não faz parte da forma de pensar, sentir e de agir daquele grupo familiar.


É muito importante acolher a história com o intuito de compreender essa força familiar, o custo x benefício de seguir fielmente esse posicionamento na vida e qual a possibilidade de introduzir novas formas de sentido dentro desse contexto, quando é gerado sofrimento.


A vida vai pedir de nós certa deslealdade em torno da nossa família em alguns aspectos para que a gente possa individuar. Se tornar pessoa EM PRIMEIRA PESSOA, EU, seguir nosso próprio destino com aquilo que faz sentido pra nós e que muitas vezes não fará sentido para a família de origem.


E se relacionar com nosso parceiro amoroso exige que possamos sair da casa dos nossos pais não só de maneira física, mas emocional também. Assim como o bebê que nasce e cortam o seu cordão umbilical que o liga à mãe, para ser adulto maduro precisamos cortar o cordão emocional com a nossa família de origem para dar início ao projeto da nossa família atual – nosso parceiro ou parceira, com ou sem filhos.


Isso não significa parar de se relacionar com a sua família de origem. Ao contrário, é ser grato ao que ela ensinou, mas se perguntar também se o que ela deixou de legado a você te traz saúde no seu relacionamento amoroso.


E é aí que entram as expectativas de fazer com o que o parceiro amoroso se encaixe na forma ideal ou conforme o funcionamento da família de origem. E aí os problemas vem com força. Como entender como esse apego surgiu e como prosseguir com essa relação aceitando que aquele parceiro escolhido é diferente de você, que ele tem uma história única, que merece ser respeitada e que para nutrir a relação de casal haverá que existir um denominador comum: nem o meu, nem o seu, mas o NOSSO jeito de funcionar como CASAL e não como FAMÍLIA DE ORIGEM?


Ter o sentimento de pertencer a família, de adorá-la e ser grata ou grato ao que ela pôde fazer por você é uma maneira de retribuir a sua gratidão. Só tome cuidado para não haver excessos e querer que seu parceiro(a) também tenha esse sentimento de adoração. Entra aqui a negociação de como vocês vão interagir com as famílias de origem. O que estão dispostos a negociar e o que não estão dispostos, e quais são os motivos por trás desse sim e desse não nesse combinado. Respeito é fundamental nesses momentos.


Há famílias que são tão juntas que acabam prejudicando o desenvolvimento emocional de seus integrantes. No lugar dos filhos seguirem com seus destinos, ficam presos ao contexto familiar, muitas vezes, com sentimento de culpa por estar formando a própria família, com sentimento de estar sendo desleal.


Nessas horas, é importante refletir sobre qual é o seu lugar dentro da família. O que aprendeu sobre se relacionar, como foi tratado pelos seus cuidadores, você foi colocado num lugar ao qual não pertencia? Quais foram os limites aprendidos ou (não), quais foram as dificuldades, histórias de superação, incentivo a seguir seu próprio rumo?


Seus pais hoje são um casal? Vivem e se deliciam com a própria vida construída em conjunto ou ainda estão muito presentes na vida dos filhos? Sabem ser pais nos momentos apropriados e sabem ser casal? Como foi a sua saída de casa? O que os seus pais te disseram quando optou por seguir determinada decisão? É permitido pensar de forma diferente? O que acontece quando não se age conforme as regras da família? Tem exclusão? Como você lida com isso?


As respostas para essas perguntas vão impactar a sua forma de se relacionar amorosamente. Talvez, você vai desejar que seu parceiro haja exatamente como seus pais agiram com você. Talvez, vai querer fazer o oposto. Mas devemos ter em mente que nossos parceiros não são nossos pais e nem tem obrigação de curar nossas feridas em torno deles ou atender aos nossos desejos que foram satisfeitos por nossos pais.


Ser um parceiro maduro é reconhecer e respeitar a história de quem escolhemos para caminhar conosco na vida. É tentar pedir aquilo que é importante para nós e pagar pra ver se esse parceiro dá conta ou não de atender a isso. É não ter controle sobre o outro, mas, mesmo assim ter coragem de estar nessa relação porque ela te leva ao aprendizado necessário para evoluir.


Não estou aqui dizendo que você deva permanecer em relacionamentos tóxicos ou disfuncionais, mas que você construa a SUA vida conjugal. Geralmente, quando tentamos fazer com que nossos parceiros se encaixem nos papeis de pai e mãe, o tesão acaba, a vida conjugal não progride e você se vê num poço de lamentação e crítica, depositando na conta do outro a responsabilidade de fazer a relação dar certo.


Posicionamento infantil, concorda?


Adulto negocia, dialoga, sabe lidar com limites e se alia ao seu parceiro(a) como cúmplices de jornada.


Mas essa história só vive quem amadureceu de verdade e não é pra qualquer um não.


Observação: quero ressaltar que o termo “apego” foi utilizado com intuito de demonstrar a ligação fusionada dos membros de uma família que, muitas vezes, não traz saúde emocional.

O apego na psicologia tem o seu lugar na teoria do apego de John Bowlby, importante teórico que estudou os ambientes familiares e a formação de nosso desenvolvimento emocional ao longo do tempo e as relações que desenvolvemos a partir desse ambiente. O ambiente proporcionado pela família pode ser seguro, ansioso ou ambivalente o que pode determinar a forma com que vamos nos relacionar nas diferentes áreas de nossa vida.



 
 
 

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Psicóloga Vanessa de Almeida - Terapia de Casal e Individual Online.

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