Como fica a relação do casal com a chegada do primeiro filho?
- psicovanessadealmeida
- 22 de mai. de 2024
- 3 min de leitura
“Não somos mais dois, somos três”. Essa foi a frase que escutei de um casal atendido há alguns anos diante da notícia da chegada do primeiro filho. Ambos inseguros diante do futuro e dos novos papeis a serem exercidos, a gravidez não havia sido planejada.
Pode ser que você esteja passando por esse momento ou conhece algum casal que esteja grávidos de primeira viagem. É comum nessa fase sentir ansiedade, preocupação, euforia, irritação, tristeza, alegria. Um mix de sentimentos que podem confundir e ao mesmo tempo trazer intensa felicidade.
Quando um casal fica grávido precisará ter consciência das mudanças tanto durante a gravidez, quanto no pós-gravidez, no que tange à aspectos emocionais, psicológicos, financeiros, materiais, logísticos.
Mas não se preocupem, é possível vivenciar essa fase de maneira tranquila, munidos de informação, paciência e muita disponibilidade para essa nova fase da família.
Nesse artigo, quero focar em aspectos relacionais do casal com a chegada do bebê.
A parceria que vocês cultivaram ao longo do relacionamento será muito importante nesse momento, pois a rotina de vocês irá mudar de forma consistente.
Quero deixar claro aqui que a função materna e a paterna podem ser exercidas por qualquer pessoa, sem distinção de gênero, ainda considerando algumas diferenças biológicas.
Enquanto a parceira deverá estar imbuída em seu estado hipnótico com a cria, sim, você não leu errado, a mulher, ao dar à luz, fica simbioticamente ligada ao bebê por alguns meses, é o chamado para o cuidado, nutrição, vínculo com o bebê. Uma observação importante é que o cuidado pode ser afetado de forma a ficar restrito devido a alguma dificuldade no puerpério, como depressão pós-parto entre outras comorbidades.
A função materna tem como base o vínculo, acolhimento, aconchego, proteção, nutrir o bebê e fornecer condições de higiene e alimentação.
Alguns parceiros nessa fase podem não compreender o que acontece entre mãe e filho e ficarem com a sensação de “estar de fora, excluído”. Papais, vocês são de fundamental importância nessa fase, pois são vocês que serão os guardiões da família.
Na função paterna, terão a missão de organizar toda estrutura física, dar suporte à mulher ao que ela precisar, além de também cuidar, proteger, se fazer presente tanto como parceiro da relação, como pai do bebê, depositando afeto, promovendo bem-estar à família. Lembrando que há alguém para além da relação mãe-bebê, apoiando e participando das tarefas diárias como troca de fraldas, alimentação, regulação do sono, planejamento de atividades rotineiras com relação à casa.
Algumas parceiras com o passar do tempo podem sentir ciúmes da relação do pai com o filho(a), e com isso começam a superproteger a criança, tentando controlar os cuidados do pai, até mesmo promovendo um certo distanciamento entre eles. É preciso muita cautela nessas horas, cada um terá seu jeito próprio de cuidar do filho e isso deverá ser respeitado e até incentivado. Aproveite as diferenças e extraia o melhor no lugar de competir com o outro. Sejam humildes!
Certo afastamento do casal pode acontecer nessa fase, é natural e esperado, até mesmo para se adaptarem ao novo cenário e inserção do filho à rotina e vivência na família. E isso não pode ser interpretado como falta de amor, mas, nada mais nada menos que mudanças na família.
A atividade sexual também terá uma baixa durante um certo período, pois a disposição e olhar estarão voltados ao bebê. Não se preocupem, a vida sexual de vocês poderá voltar à ativa, assim que a rotina for sendo estabelecida.
A conversa, a intimidade, a amizade, o amor, o erotismo precisam ser cultivados constantemente dentro da relação, não coloquem de lado esses fatores e não os negligencie, pois é comum os pais se acostumarem ao papel de pais e esquecerem do papel de parceiros amorosos. Muita atenção nesse quesito! Parceiros felizes, são pais felizes.
A chegada do bebê é um desafio enorme para o casal. Quando sabem atravessar e lidar com essa fase de forma construtiva, como um time, toda a família só tem a ganhar. A relação de casal enriquece e o clima de confiança na família como um ambiente acolhedor só é fortalecido e levado para cada fase dos novos ciclos que o grupo familiar irá viver no futuro.
Compartilhe essa reflexão. Conhecimento bom é conhecimento compartilhado.
Vamos juntos disseminar informação?
Abraço afetuoso.
Vanessa de Almeida
Psicóloga clínica e Psicoterapeuta de Casal e Indivíduos
Instagram: @psicologavanessadealmeida
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